Pois foi ontem mesmo, depois de mandar brasa em dois (dois!) cachorros-quentes multiculturais, ou seja, o verdadeiro molho italiano, salsicha alemã, mostarda americana e pão francês... que comecei a passar mal.
Bastou um pouco mais de meia hora de horrores no
banheiro para eu saber que tinha mesmo que correr para o hospital e tomar
remédio na veia. Olha, nem sei como é que cheguei lá: delirava no banco do
carona, viajando entre a tontura e o desmaio iminente. Meu teor alcoólico devia
estar altíssimo apesar de eu ter bebido só refrigerante... os sintomas eram de um
porre monumental! Se houvesse uma música de fundo, seria o clássico de Verdi, "O Barbeiro de Sevilha", porém adaptado :
“Fígadooooo! Figado! Fígado! Fígado!!!”
Meu co-piloto voava ao volante da Super Máquina, e vi
quando ele passou direto pelo hospital e não entrou no retorno:
-- Mas o que é que você está fazeeeeeeeendo? Tinha
que ter entrado aliiiiiii!!!!!!!
-- Tiraram o retorno!
(Tiraram?! Este prefeito está sempre me dando bons
motivos para me vangloriar de não ter votado nele!)...
Já entrei no hospital implorando pela emergência e bancando
a lagartixa, literalmente me agarrando pelas paredes.
-- Já tenho ficha! Depois assino tudo! Preciso de
uma emergência e de um médico, pelo amor de
Deeeeeeeeeuuuuuusssssss!!!!!!!!!!!!!!!!!
O enfermeiro correu pra me segurar e avisou que eu
JÀ ESTAVA na emergência, notícia que imediatamente me acalmou... todo mundo
sabe, inclusive o meu fígado, que sou fã da turma da Emergência. Ele me botou na
maca, tirou pressão e conferiu o batimento cardíaco.
-- A senhora está ótima. Espera aí que a médica
daqui a pouco vem.
-- Ótima coisa nenhuma, mas só preciso de um
remedinho...
Fiquei lá me contorcendo na maca por um tempo que me
pareceu horas. E passei frio, depois passei calor... e chorei, e gemi, e chamei
Nossa Senhora...
A médica finalmente entrou: pra minha surpresa, uma mocinha
que não passava dos 25, toda engomadinha em cima do salto alto. Garanto que atende
pelo nome de Patrícia, e seu apelido com certeza é Patricinha. Dei uma desanimada,
e pra facilitar, fiz o diagnóstico pra ela:
-- Graças a Deus! A culpa é do cachorro-quente! Já
tive isso! Já tenho ficha! É só me dar um buscopam com dramim na veia que fico
boa na hora...
Ela não se abalou. Não tinha pressa. (Não era ela
que estava mais branca que um fantasma, mais gelada que um picolé e se dobrando
em mil naquela maca, como se tivesse vindo direto do palco do Circ du Soleil).
-- O que foi que houve?
Tive ódio de tanta calma.
-- Cachorro queeeeeeeente!!!!!!!!!!!!
-- Sei... e o que você está sentindo?
-- Dor, cólica, enjôo, tontuuuuuuura...
Me desesperei:
-- É infecção!!!! Me dá um remééééééédio...
E ela, impassível:
-- Onde é que dói?
-- A barriiiiga!
-- Teve diarreia?
-- Nããããão...
-- Você sempre tem isso?
-- Seeeeeempre...
-- Sei... espera aí que eu volto já.
Segundo round de espera e de contorcionismo na maca.
Finalmente ela voltou e fez aquela que seria a última pergunta:
-- Que remédios você toma quando tem isso?
Foi nesta hora que a natureza agiu por mim e
resolveu tudo: o que restava do cachorro-quente resolveu entrar na conversa, subiu
pela minha garganta e foi parar no chão. Só ouvi a voz do co-piloto, murmurando
para a médica:
-- Que merda, hein?
Ainda consegui olhar para a jovem doutora, que
parecia se contorcer de nojo diante da cena... e imediatamente receitou o
coquetel de remédios que me trouxe de volta à vida.
Moral da história: um vômito vale mais que mil palavras.
Segue a trilha sonora da noite de ontem:
Leia também:
Milagre na emergência
O piriri e a filosofia do Tim Maia
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