segunda-feira, 18 de junho de 2012

Milagre na emergência

Minha tia Nazareth ficava uma fera quando ia ao médico e ficava sabendo que não tinha nada.

-- Paguei só pra saber que não estou doente!

Dia desses, o Migliaccio (aquele do Rio Acima) bancou a tia Nazareth, quando foi a um doutor expert em joelhos e a consulta durou só alguns minutos. Explico... este doutor é oriundo das emergências cariocas, e pelo que já percebi, isso faz toda a diferença em sua atuação em consultório: médicos como ele não perdem tempo com conversa. Aliás, foi ele que acreditou em mim, embora vários exames de última geração me desmentissem, e me internou para "pescar" das profundezas do meu pé um caco de vidro absolutamente minúsculo, mas que não me deixava calçar nenhum sapato! É herói ou não é??? Então pra que é que um homem deste vai demorar na consulta?

Já a minha dermatologista, médica chique do Leblon, leva mais ou menos 40 minutos só pra indicar um creme para o rosto, e simplesmente porque adora bater um papo, falar de política, comentar as notícias do jornal. E a clientela lá fora que espere! Aliás, esta mesma dermatologista uma vez explicou por que é que só indica cremes caros:

-- È que aqui funciona assim, Fernanda: se eu passar produto barato, os pacientes reclamam e não voltam mais, achando que eu não sou boa médica.

Pode?! Como se vê, nem sempre o cliente tem razão.

Outro amigo meu encarava um dia de trabalho duríssimo, enquanto tentava ignorar a dor terrível de um furúnculo na perna, daqueles que ele, devido a experiências anteriores, já sabia que estava madurinho, pronto para ser espremido. Por fim foi a um consultório. O doutor olhou o bichão, inchado, roxo, enoooorme... e indicou o pronto-socorro. Não sem antes passar de leve um ferrinho sobre a pele inflamada, na falsa tentativa de fazer um corte. Meu amigo não resistiu, vendo que o médico estava mesmo à beira de um desmaio, ainda arriscou:

-- Tem que espremer com a mão! Este "palito" aí não vai resolver não!

Não teve jeito: aguentou as dores até chegar em casa e contar com a ajuda do irmão, médico recém-formado e que dava experiente onde? Numa emergência de hospital público.

Minha gastrite há anos vem sendo tratada com o que há de melhor, um remédio pra lá dos cem reais indicado por uma médica bam-bam-bam de Ipanema, cuja consulta custa os olhos da cara. Apesar do preço, o tal remédio nunca cumpre o que promete em seus 14 dias de tratamento. Desta vez, com a crise a mil por hora, apelei para o tal irmão do tal amigo, que já conta com anos de experiência nas emergências públicas do Rio.

-- O que você acha do remédio "xis"? -- perguntei. Sabe que ele nem conhecia? Como diz o Marcos Lúcio em seus comentários,"marrelógico!" Médico de pobre não conhece remédio caro, porque só trabalha com os baratinhos. E foi assim que uma caixa de comprimidos que custou menos de quinze reais venceu a gastrite em dois dias. Tô quase indo lá dar um beijo na boca deste homem!

Calma aí... não estou botando a turma toda no mesmo balaio, é claro, isso seria atestado de burrice. Conheço sumidades que dão expediente em consultórios onde pobre não tem vez, e já vi plantonistas de emergência indicando antibiótico sem nenhum exame prévio, só mesmo para "prevenir uma possível infecção". Mas uma coisa é certa: quando a gente dá a sorte de encontrar um médico realmente experiente numa emergência, o problema se dá por resolvido, e pode crer que o milagre se faz... inclusive porque está cada vez mais difícil ter esta sorte.


21 comentários:

  1. Fernanda,

    Que bom que o medico conseguiu achar o tal caco de vidro no seu pe ..... voce deve ter passado um sufoco ....

    Tenho alguns comentarios a fazer:

    Problema de gastrite, na minha modesta opiniao, nao resolve com medicamento algum, pode ajudar, mas so a alimentacao e que vai dar jeito.
    Muita gente nao acredita, mas eu, a cada dia que passa, acredito mais ....

    Comeco alguns medicos, que tem mais consciencia e sao excelentes, dando consultas para aqueles que nao podem pagar...... mas voce tem razao, e uma questao de sorte encontrar um bom medico.

    Beijos

    Gilda Bose

    ResponderExcluir
  2. Marrelogico que o médico so aprende mesmo na emergência

    ResponderExcluir
  3. Eu costumo ir ao médico uma vez por ano,para aqueles exames de rotina que nós mulheres temos que fazer.
    Antigamente eu tinha plano de saúde,mas por causa do mal atendimento eu cancelei,preferindo pagar a consulta,quando preciso.E em casa,eu conto com a ajuda do livro "Medicina Alternativa de A a Z" pra quem já é natureba,esse livro tá de bom tamanho.

    Monica.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Monica, ficar sem plano de saúde no Brasil é muita coragem sua...

      Excluir
  4. Desde 1998, após cirurgia no joelho para minimizar sequela de acidente automobilístico, retomei tratamento homeopático, interrompid na adolescência. O Médico em questão, é Diretor do Departamento de Homeopatiada UNIRIO e do Hospital Grafeé e Guinle. Depois de tanto tempo de relação, somos amigos e tenho quatro consultas por ano, num processo de atenção holística de saúde, que caracteriza tal abordagem,embora com foco na bendita sequela. Doente, nunca fico e ele, meu MD, conhece muito meu fisiologismo e idiossincrasias, só havendo aprimoramentos em meu tratamento. Deixá-lo, apenas quando um de nós morrer.
    Uma curiosidade: Fui apresentado á ele por ex-namorada, Médica homeopata sua ex-aluna de Medicina e Residência Médica. Ela, infelizmente, moreu há dois anos, com 38 anos de idade, vitima de câncer avassalador; não éramos mais namorados, há algum tempo. Uma merda. Grande e insubstitível perda.

    ANTONIO CARLOS

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Antônio Carlos, por favor passe aí o nome desse médico porque eu gosto muito de homeopatia!

      Excluir
  5. "Marrelógico", queriDannemannn, "quando a gente dá a sorte de encontrar um médico realmente experiente numa emergência, o problema se dá por resolvido, e pode crer que o milagre se faz"...aí deve ter ou ser, também, o dedo de Deus.

    Concordo absolutamente com o Schopenhauer quando diz:" Em geral, nove décimos da nossa felicidade baseiam-se exclusivamente na saúde. Com ela, tudo se transforma em fonte de prazer".

    Das maiores felicidades que eu tinha, quando trabalhava com prazos e horários e cargos e tarefas e responsabilidades , ufa!, era receber os bons resultados dos exames anuais de saúde ocupacional. Sempre saía para comemorar esta dádiva fundamental e insubstituível que é ter saúde. Ainda mantenho este saudável hábito de controle anual das minhas condições vivenciais.

    Outro enorme prazer é pagar plano de saúde e não precisar de procurar médico. Nem ganhar na loto considero algo superior. Já houve uma ocasião _ por excesso de cuidado e prevenção_ de procurar médico pois suspeitava haver algo fora do "padrão". Descobrir que não era nada, somente uma irritação passageira que nem precisava ser medicada...foi bom demais da conta!

    Também já aconteceu de experimentar um medicamento baratíssimo indicado por um amigo, e que resolveu no mesmo dia a questão...pois o caríssimo indicado pelo doutor...estava demorando a fazer efeito.

    Quanto ao cliente nem sempre ter razão, é indiscutível, até porque há pessoas prenhes de desrazão...e não são poucas, lamentavelmente (serei eu uma destas criaturinhas? kkk).

    Ao deitar (beeeem tarde rsrs), eu penso: Obrigado Meu Deus!...não estou hospitalizado, não estou com dor, nem com febre, etc. Isto, para mim , já é jogo feito e ganho, praticamente.

    Considero que todo ser humano, com um mínimo de sensatez, deveria agradecer toooodos os dias, ao "TODOPODEROSO", pela saúde que possui ou pela que lhe resta.

    Saúde!!! Sorte!!!Alegrias!!!Felicidades!!!
    Abraço forte!
    Marcos Lúcio

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. EstiMarcos, ao contrário da tia Nazareth, eu adorro quando vou ao médico e ele diz que eu não tenho nada. É como nascer de novo, é ou não é?

      Excluir
    2. D'accord, ma chérie. RE-NAS-CER é o que mais "adorro" nesta vida. Será que sou ou possuo encosto de fênix? rsrs. Tenho_ quando o médico diz que está tudo "nos conformes"_, a sensação plena do prazo de validade dilatado, embora eu não seja alimento, nem remédio rsrs.

      Também "adorro" reaprender, redescobrir, reenergizar, realinhar, reanimar, reacertar, reagrupar, reabilitar, redefinir, realegrar, redistribuir, reavaliar, reativar, readaptar, redecorar, reagradecer, reaprumar, reencontrar, reconhecer, recapitular, reviver, etc.

      E, naturalmente... "adorro" saber do que você "adorra" , "bien sûr"!.
      Beijão
      Marcos Lúcio

      Excluir
  6. Nao que seja diretamente relacionado com o que voce escreveu mas serviu-me para lembrar algo que um amigo disse, faz alguns anos.
    Disse ele que o ser humano passa por 3 fases na vida.
    Na 1a. fala (e muito) sobre o sexo oposto. Coisas como "Que gostosa", "Que gato", "Ai se eu te pego" (olha o copyright ai!), etc.
    Na 2a. fala sobre restaurantes, bares, culinaria. "Descobri um bar super charmoso", "Aquele restaurante eh divino", "Tenho uma receita nova que eh fantastica".
    Na 3a. e ultima, fala sobre farmacias, hospitais e remedios. "Mas os quartos daquele hospital sao otimos", Aquela farmacia tem tudo", "Descobri uma nova pilula que cura qualquer coisa"...
    Eh por ai. O tempo passa e o que mais fazemos eh marcar consultas...

    ResponderExcluir
  7. Fernanda,

    Lendo os comentarios:

    Monica me faz lembrar que eu tenho o livro "Medicina Alternativa" que e muito bom.

    Antonio Carlos nos fala sobre o homeopatia.

    Marcos Lucio, cita Schopehawer .... e la vou eu fazer a minha pesquisa, Arthur Schopehawer, filosofo alemao, 22/02/1788 a 21/09/1860, li algumas conotacoes vou citar uma que eu achei barbara entre muitas: "Talent hits a target no one else can hit. Genius hits a target no one else can see", ai me lembro de Beethowen 1770/1827 ... e ai me pergunto: sera que eles se conheceram .....

    Fernanda, o merito e todo seu, voce joga um tema e olha o que da ..... BRAVO !!!!!!

    Beijos

    Gilda Bose

    ResponderExcluir
  8. Pois é Gilda,a gente com um livro desse em casa,precisamos menos da Medicina convencional...

    Bjs.

    Monica.

    ResponderExcluir
  9. Depois de passado o perrengue nas entranhas e ao som do sempre maravilhoooooso Tim Maia, podemos e devemos ler e divertir:

    Conselho Médico
    (Como devemos tomar nossos remédios)

    Barão de Itararé


    Quando estamos doentes, afinal não temos outro remédio senão tomar remédio.

    O remédio, aliás, sempre faz bem. Ou faz bem ao doente que o toma com muita fé; ou ao droguista que o fabrica com muito carinho; ou ao comerciante que o vende com um pequeno lucro de 300 por cento.

    Mas apesar do bem que fazem, devemos convir que há remédios verdadeiramente repugnantes, que provocam engulhos e violentas reações de repulsa do estômago.

    Como devemos tomar esses remédios repugnantes? Aí está o problema que procuraremos resolver para orientar os nossos dignos e anêmicos leitores.

    O melhor meio de vencer as náuseas, quando temos que ingerir um remédio repelente, consiste em recorrer à lógica dos rodeios, adotando os métodos indiretos, até chegar à auto-sugestão, transformando assim o remédio repugnante numa coisa que seja agradável ao paladar. Numa palavra, devemos tomar o remédio com cerveja, por exemplo.

    Como devemos proceder para chegarmos a esse magnífico resultado?

    É indispensável comprar, antes do remédio, uma garrafa de cerveja. Depois, é necessário bebê-la devagar, saboreando-a, para sentir-lhe bem o gosto. Liquidada a primeira garrafa, pedimos outra cerveja. Esta vamos tomá-la de outra forma, também devagar, mas com a idéia posta no remédio, cuja lembrança naturalmente nos provocará asco. Para voltarmos ao normal, encomendamos uma terceira garrafa, com a qual, lembrando-nos sempre do remédio, iremos dominando e vencendo a repugnância. Na altura da quinta ou undécima garrafa, nós já estaremos convencidos de que o gosto do remédio deve ser muito semelhante ao da cerveja e, assim, já poderíamos beber calmamente o remédio como cerveja. Mas, como não temos o remédio no momento e já não temos muita força nas pernas para ir à farmácia, então continuamos a beber a infusão de lúpulo e cevada, até chegarmos a esta notável conclusão: se é possível chegar a se tomar um remédio tão repugnante como cerveja, muito mais lógico será que passemos a tomar cerveja como remédio, porque a ordem dos fatores não altera o produto, quando está convenientemente engarrafado.
    Abração
    Marcos Lúcio

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vou tirar a cerveja e tentar com café com leite. Se rolar um bolo, acho que ainda fica mais fácil.

      Excluir
  10. Valeu, Antonio Carlos, muito obrigada! Vou dar um pulo lá!

    ResponderExcluir
  11. Estimado presidente, Marcos Lucio,

    Adorei o Conselho Medico do Barao de Itarare ......
    mas irei trocar a cerveja pelo champagne "Veuve Clicquot Ponsardin" por exemplo, acho que vai dar certissimo para mim rsrsrsrsrsr.

    Felicidades,

    Gilda Bose

    ResponderExcluir
  12. Gilda, minha estimada Diretora do C.P.F.A.S.

    Adorei o seu "savoir vivre, comme d'habitude".Mas se esta alegria espumante engarrafada...o maravilhoso champanhe Veuve Cliquot Ponsardin(você não tem culpa de ser chique assim rsrs...) não der bom resultado, ou não der conta, mineiramente digitando, sugiro experimentar o Dom Pérignon ou, quem sabe...o Cristal. Não tem erro, com nenhum dos três, na minha modesta avaliação.

    Felicidades, alegria e sorte!, "procê" e para a Vice Presidenta Carolina
    Marcos Lúcio, o modesto presidente do clube

    ResponderExcluir
  13. Tive recentemente uma experiência boa e uma ruim com médicos.

    Minha mãe, de 89 anos, tomou uns remédios receitados por um urologista e começou a ter piques de pressão, sendo que a última consequência foi desmaiar e cair de cabeça no chão. Foi parar na emergência do Miguel Couto, onde fez todos os exames, foi vista por ortopedista, neurologista, cirurgião (que foi lhe dar os pontos na cabeça) e, finalmente, uma clínica geral. Esta e a médica geral de plantão nos explicaram tudo que precisávamos saber sobre a questão da pressão nos idosos.

    Depois transferimos minha mãe para o Prontocor da Lagoa, onde fizeram novamente dois exames que ela já tinha feito...só para poderem cobrar do plano de saúde. Quiseram dar alta pra ela antes de ela ter condições de sair. Só depois que falei com a Assistente Social (e representante da Ouvidoria) e disse que se a minha mãe saísse dali sem condições eu ia brigar na justiça é que um médico apareceu e resolveu prorrogar a data da alta.

    Não vou mencionar o trabalho de duas enfermeiras de lá, pois fico enojada só de lembrar (faço questão de ressaltar o bom trabalho dos demais).

    Com isso tudo, quero dizer que, apesar da precariedade que todos nós sabemos que existe nos hospitais públicos, fiquei bem impressionada com a emergência do Miguel Couto e muito, muito mal impressionada com o Prontocor da Lagoa, clínica à qual a minha mãe tinha direito pelo plano - que, diga-se de passagem, é caro e não dá o retorno do valor pago.

    Resumindo: estamos muito mal parados em termos de saúde. Diria mesmo que estamos passando por uma crise. Ou seja, o setor de saúde está totalmente doente...e o que é pior: sem sinal de que vá se recuperar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Vilma! Bem-vinda ao blog! Sim, a emergência do Miguel Couto é famosa por ser competente. E não me surpreende o ocorrido no Prontocor: a indústria dos planos de saúde e dos exames desnecessáios que alguns médicos pedem também não é novidade. Como diz uma médica amiga minha, senhora de mais de 80 anos e muito sábia, "a gente tem mesmo é que rezar pra não cair na mão de medico". Feliz 2013 e apareça mais vezes!

      Excluir

Dicas para facilitar:
- Escreva seu nome e seu comentário;
- Selecione seu perfil:----> "anônimo";
- Clique em "Postar comentário";
Obrigada!!!!!