Se tem uma coisa que homem nenhum deste mundo terá o
prazer de saber um dia, é o valor que tem uma
boa TPM!
Sim! Hoje estou aqui pra falar bem da maldita. Falar
bem, não. Falar “ótimo”!
Como o leitor há de ter percebido pelo meu sumiço, e
já há de ter sacado pelo rumo desta conversa... tive uma TPM nojenta por estes
dias. E com tudo o que tinha direito: chorei, deprimi, “enxaquequei”,
gastei, comi, briguei, discuti, dormi e tive vontade de morreeeeeeeer...
Agora, graças ao Pai do Céu, estou de volta, tal
qual fênis ressuscitada (ou melhor, renascida).
E venho a público dizer que TPM é o seguinte: em
primeiro lugar, um perigo, porque a gente pira total na batatinha, fica valente
e sai encarando qualquer valentão pela rua, principalmente aqueles que fazem
bandalha no trânsito e mandam a gente pilotar o tanque ou o fogão.
E as
velhinhas? Well... as velhinhas são um capítulo à parte.
Todo mundo já sabe que, embora eu me amarre em bater
papo com velhinhas, volta-e-meia uma delas cisma de implicar comigo. Desta vez,
fui chamada de “descompensada” por uma delas, que me viu batendo boca com uma
vendedora de loja que me atendeu mal. E só porque eu, depois de ser maltratada
seguidas vezes, dei um passa-fora na sem-educação que estava do lado de dentro
do balcão. Saí da loja e, ali meia-dúzia de passos depois, voltei pra dizer pra
moça deixar pra lá, e que eu ia fazer o mesmo... e que deveríamos ter então um
bom dia depois de feitas as pazes. Mal cheguei e a velhota, que não me viu,
estava dizendo:
-- Liga não, ela é descompensada!
E eu grunhi, bem ali ao lado dela:
-- QUEM é descompensada?
A velhota deu um salto, quase foi parar no teto com
o susto e gaguejou:
-- Ninguém não, tô contando aqui um outro caso pra
ela...
O susto da velhota parece que contagiou a vendedora,
que deu no pé na mesma hora e foi sei lá pra onde.
Fiz o mesmo: dei no pé. E resolvi devorar uns
brigadeiros pra compensar o aborrecimento.
É o seguinte: quando fico atacada dos “nelvos”, só
mesmo uma, duas, três rodadas de brigadeiros são capazes de me acalmar. Nestes
dias de crise, sou capaz de traçar um brigadeiro grandão em apenas duas bocadas e
engolir tudo sem nem mastigar. Meu marido acha um absurdo e gosta de ir comigo só pra dar risada junto com a vendedora. Ele não entende que é um devorar por devorar, uma busca sôfrega por
serotonina na veia e um “zero total radiante” de civilidade ou culpa: prazer
selvagem de saciedade, volúpia inconsequente de um deleite carnal que, além de
tudo, só vai fazer mal (porque engorda e aumenta o colesterol), mas é de
delícia total até mesmo esta consciência, a de que trata-se de um prazer puramente
corpóreo e material.
Na TPM, um brigadeiro pode ser melhor que sexo,
ainda que seja um sexo “daqueles”... e melhor que comprar uma roupa nova
naquela loja carérrima... a gente mastiga, mastiga... e pensa nos brincos que
comprou, mas que não devia ter comprado, porque precisa economizar... pensa que
se sente um traste quando se olha ao espelho, e nada dá um jeito neste cabelo
langanhento, mas foda-se! A gente mastiga, mastiga... e pensa até que escreveu “foda-se” na
Internet, mas...aaaah, foda-se!
Nestes dias do mês, toda mulher tem a sorte de
entrar em contato com aquele seu lado selvagem, que há milênios vem sendo
domesticado... e taí uma coisa que os homens jamais terão o prazer de
experimentar! Eles nunca saberão o que é ter os hormônios dançando loucamente
pelo corpo e deixando a gente num estado de libertação que nenhum Gatorade com
vodca é capaz...
Os hormônios ficam doidos e quebram o
cadeado que aprisiona aqueles sentimentos e instintos mais básicos: a
sensibilidade, a fúria, a mágoa, os desejos, as necessidades ... e aí a gente
suporta menos, se adapta menos, se enquadra menos, aceita menos... e se enerva
mais, se rebela mais, se cansa mais... e até grita e se exaure mais... antes
que tudo se acalme dentro do corpo e as coisas voltem a ser como antes.
A gente
está livre para as maiores doideiras, inclusive brigar com o chefe e pedir o
divórcio, mesmo sabendo que as chances de ter que pedir desculpas depois são
enoooooormes. E daí? A gente pede, mas primeiro é preciso fazer a besteira,
porque sem besteira não se vive!
E toma brigadeiro! E come, come... que é pra mandar
para o espaço toda a culpa que está ali, atrás da porta, só esperando a TPM
passar... e aí, minha nega... não vale mais chorar de arrependimento, porque a
TPM já passou!