sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Mil caminhos além do planeta Botafogo

Meu amigo Flávio Migliaccio uma vez me contou sobre um mendigo cuja casa eram as ruas de Botafogo, e que morreu logo depois que alguém, só pra ver o que aconteceria, o soltou nas ruas de Copacabana. Parece que o homem não sabia o caminho de volta, não resistiu à mudança e pirou, “caindo em óbito” pouco tempo depois.

Esta história, tão incrível quanto verdadeira, de certa forma é um risco ao qual todos nós estamos expostos: quem aqui não tem medo das mudanças? E quem está livre de não se adaptar?
Sei lá por quê, todas as vezes em que ouvi alguém dizer que “adora desafios”, tive a impressão de que a pessoa se referia mais ao risco e à adrenalina dos esportes radicais do que propriamente aos riscos da mudança implícita a um futuro incerto. Uma coisa é o sujeito se divertir pulando de uma ponte altíssima preso apenas por um elástico na cintura... outra, bem diferente, é ter que encarar  a vida nova que está à espera após a assinatura do divórcio; ou no clima, na língua e nos costumes de outro país; ou no cotidiano de outra profissão; ou no corpo que ficou diferente depois de superar uma doença; ou nos mistérios de um outro amor...
Às mudanças que dependem da decisão, poucos se arriscam. A maioria se conforma com a segurança da zona de conforto, como o mendigo que vivia num planeta chamado Botafogo. Se ele já conhecia tudo direitinho ali, pra quê mudar, meu Deus?!
Aí a multidão vira manada e conclui que é mais fácil viver sem vertigens, fazendo todos os dias o mesmo caminho entre o mesmo emprego e a mesma casa...  assim a paisagem não muda e a vida não tem sobressaltos.
Observo as pessoas felizes, que têm gosto pela vida, e vejo que são todas bem parecidas entre si, tanto quanto as que empurram o tempo com a barriga e varrem as decisões para debaixo da cama... e têm sonhos eróticos com ela todas as noites, sem jamais criar coragem para tirá-la dali...

E percebo que os caminhos também são todos iguais pra todo mundo. O que muda é só o jeito de fazer a caminhada.

(Olha os caras aí embaixo dizendo a mesma coisa, mas cada um do seu jeito bem particular...).








21 comentários:

  1. A incerteza assusta, mas mudar o rumo da vida e começar do zero dá uma sensação de independência e poder que não tem preço.

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  2. Se todos os caminhos levam a Roma, alguns sao mais dificeis de trilhar do que os outros. Sao caminhos esburacados, cortados por rios, sem pontes. Mas todos te levarao ao mesmo fim. Claro, sempre existem pessoas que tem uma rota asfaltada...
    E o ser humano, na sua quase totalidade, acomoda-se. Acomoda-se, muitas vezes, por medo do desconhecido; pela fraqueza, a falta de coragem de se aventurar para descobrir o novo quando isso ira afetar a sua "estabilidade adquirida", esquecendo de que, para chegar a ela, trilhou por caminhos tortuosos, dificeis, duvidosos, perigosos mas que passou por todos e chegou a um ponto que, para esse individuo, equivale ao nirvana.
    Mas existem outros - poucos - que nao tem medo desse "desconhecido" e se aventuram. Esses sao aqueles que tratamos como que tratamos como inovadores.
    Existe uma MY WAY e ela eh apresentada de maneiras tao diversas. Tao proprias. Tao pessoais.

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    1. Ariel... cada um tem o "my way" que merece... eu realmente creio nisso.

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  3. Fernanda,

    Adorei seu post. Parabens !

    Triste a historia, e de ver como o ser humano se auto-limita.
    Mudar nao e facil, principalmente se voce "acha" que esta bem.
    Nos seres humanos, somos muito agarrados ao pouco que nos temos ou ao muito que temos .... e muito acomodados ate com situacoes ruins, e muitas vezes deixamos oportunidades passarem ...... tai uma coisa que aprendi na vida, nao deixar passar as oportunidades.
    O medo do novo, o medo de muitas vezes sermos felizes.....e preciso de muitos exercicios e coragem para mudar.

    E cada um de nos, tem o seu caminho para a felicidade.

    Felicidades,

    Gilda Bose

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    1. É, Gilda: o desapego é dificílimo. A gente se apega e nem percebe o quanto se aprisiona.

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  4. Eu sentí uma incerteza assustadora,quando o meu casamento se desfez,e eu tive a sensação que o mundo inteiro tinha acabado,e só eu estava alí com os meus filhos.Mas graças ao apoio da minha familia,hoje até sinto orgulho de ter superado essa troca de caminhos...

    Monica.

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    1. É pra se orgulhar mesmo. Quanta gente vive mal a vida inteira ao lado de alguém, só por medo de mudar tudo...

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  5. Resignificar condições e situações enganosamente felizes, ou ostensivamente dolorosas, quase sempre´é difícil, mas, fundamental à continuidade do movimento-vida.

    Abraço,

    Antonio Carlos

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    1. É, Antonio Carlos... mas é preciso querer; e nem todo mundo está disposto a pagar o preço que isso tem. Abraços!

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  6. OI, FERNANDA OLHA EU AQUI OUTRA VEZ...DESSA VEZ PARA UMA SUGESTÃO:ACHO QUE SERIA MAIS INTERESSANTE,QUANDO VOCÊ COLOCAR MÚSICAS ESTRANGEIRAS, QUE FOSSEM COLOCADAS AS LEGENDAS.QUASE SEMPRE NO YOU TUBE TEM AS MÚSICAS LEGENDADAS,E ASSIM QUEM NÃO DOMINA A LÍNGUA SABERIA ,ALÉM DE OUVIR DA BELEZA DA MELODIA O SENTIDO DA MÚSICA.SÒMENTE UMA SUGESTÃO PRA ,ACHO EU , MELHORAR O QUE JÁ É ÓTIMO.
    ABRAÇOS....CLAUDIO SOARES

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    1. Oi Claudio! Das próximas vezes vou ver se consigo um vídeo com tradução. Volte sempre e obrigada pela dica!

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  7. Fernanda: Conforme já disse, você está escrevendo como a Shell, lembra? "Só a Shell excede". Minha mãe diria que isto é um Ballet das letras. Parabéns - Por mim você já chegou lá.

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    1. Alfredo querido... minha alegria é que excedeu ao ler suas palavras!!! "Ballet das letras"??? Já gamei na sua mãe!!!!!!!!!!

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  8. O Lulu Santos, queriDannemann, sabiamente canta: nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia...tudo passa, sempre passará...tudo muda o tempo todo no mundo.

    Recolherme-ei à minha insignificância e faço "como se minhas" as citações e o pitaco supimpa do Mauro Ferreira, a seguir.

    "Nada é permanente, salvo a mudança." (Heráclito)

    "A mudança não só é necessária à vida. É a própria vida." (Alvin Toffler)

    "Você deve ser a própria mudança que deseja ver no mundo."
    (Mahatma Gandhi)...como já disse anteriormente, é a minha predileta, marrelógico!


    "Aceite as mudanças. Vão acontecer, inevitavelmente, você gostando ou não." (Odette Pollar)

    Mudai um homem de classe, condição e circunstâncias, vós o vereis mudar imediatamente de opiniões e de costumes." (Marquês de Maricá)


    "Nada é tão duradouro ou eterno como a mudança." (Ludwig Borne)

    "O homem absurdo é aquele que nunca muda." (Georges Clemenceau)


    A Mudança é a única coisa que nunca muda!
    Mauro Ferreira
    Mudar é a lei da vida. (...)Pessoas com mente aberta , estão no caminho natural da mudança. A mudança é o fenômeno mais imutável do mundo. Não querer mudar é birra de criança, porque cedo ou tarde , a mudança vai arrastá-lo. Por que então não mudar voluntariamente? Mudar antecipadamente e colher os frutos doces da subida da cotação do mercado mutacional? Mudar antes de precisar mudar?

    Para você fazer mudanças, primeiro precisa aceitar as mudanças. Segundo precisa desenvolver a inteligência para escolhê-lhas antecipadamente. Terceiro, precisa economizar o seu tempo, associando-se com pessoas que estão no mesmo nível de mudanças e não perder tempo com os outros "que não estão a fim ".

    Abra o seu guarda-chuva, sinta o cheiro da terra molhada, caminhe livremente rumo às mudanças e diga para si mesmo(a): "eu estou a fim"...
    Beijão
    Marcos Lúcio

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    1. Adorrrrrei a frase do Marquês de Maricá! (Aliás, quem foi este homem???). E gostei muito também do que disse Georges Clemenceau (outro que eu gostaria de saber quem foi).

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    2. Atendendo seu pedido, prazerosamente, mais algumas máximas do Marquês (sabia que você iria adorrar)e as informações solicitadas.
      O homem que cala e ouve não dissipa o que sabe, e aprende o que ignora.
      A nossa vida é quase toda um sonho, e sonhamos acordado mais vezes que dormindo.
      As idéias novas são para muita gente como as frutas verdes que travam na boca.
      O homem que despreza a opinião pública é muito tolo ou muito sábio.
      Os homens, por não desagradar aos maus de que se temem, abandonam muitas vezes os bons a quem respeitam.

      Ocupados em descobrir os defeitos alheios, esquecemo-nos de investigar os próprios.
      Unir para desunir, fazer para desfazer, edificar para demolir, viver para morrer, eis aqui a sorte e condição de natureza humana.

      Sucede aos homens como às substâncias materiais: as mais leves e menos densas ocupam sempre os lugares superiores.

      Querendo parecer originais, tornamo-nos ridículos ou extravagantes.
      Nada agrava mais a pobreza, que a mania de querer parecer rico.

      A memória dos velhos é menos pronta, porque o seu arquivo é muito extenso.

      A razão é escrava quando a fé e autoridade são senhoras.

      A duração de um bem não assegura a sua perpetuidade.

      Há muitas ocasiões em que os ricos e poderosos invejam a condição dos pobres e insignificantes.

      Os homens em geral ganham muito em não serem perfeitamente conhecidos.

      É necessário saber muito para poder admirar muito.

      Ambos se enganam, o velho quando louva somente o passado, o moço quando só admira o presente.

      Mariano José Pereira da Fonseca, 1º e único visconde com grandeza e marquês de Maricá (RJ 18 de maio de 1773 — 16 de setembro de 1848), foi um escritor, filósofo e político brasileiro.

      Foi ministro da Fazenda, conselheiro de estado e senador do Império do Brasil, de 1826 a 1848.

      Doutor em filosofia e consagrado em matemática pela Universidade de Coimbra em 1793, ocupou o cargo de Ministro da Fazenda no 3° Gabinete de 1823, depois foi nomeado senador pela província do Rio de Janeiro em 1826.

      Como escritor, escreveu diversas obras, a mais conhecida sendo Máximas, Pensamentos e Reflexões, composta de quatro volumes, com um total de 3169 artigos, publicada entre os anos de 1837, 1839 e 1841.

      Georges Benjamin Clemenceau (Mouilleron-en-Pareds, 28 de Setembro de 1841 — Paris, 24 de Novembro de 1929) foi um estadista, jornalista e médico francês.

      Formado em medicina, ciência que cedo trocou pelas atividades políticas.

      O seu posicionamento político tornava-se por vezes um pouco incómodo para alguns dos seus pares, pois defendia os ideais republicanos e anticlericais de extrema esquerda. A este político irreverente devem-se a queda de seis governos e a demissão do presidente da república, o que lhe conferiu o título de "o tigre".

      Georges Clemenceau foi o fundador do jornal La Justice, um periódico de tendência radical, que aumentou consideravelmente a sua influência política. Em 1897 foi o responsável pela publicação de L'Aurore, onde o escritor francês Émile Zola lançou "J'accuse" a propósito do "Caso Dreyfus".

      Entre 1902 e 1920 Clemenceau foi eleito senador. Ocupou o cargo de primeiro-ministro da França nos períodos 1906-1909 e 1917-1920. Neste último, chefiou o país durante a Primeira Guerra Mundial e foi um dos principais autores da conferência de paz de Paris, que resultou no tratado de Versalhes, dentre outros.
      Tomara que satisfaça sua bendita curiosidade.
      Bjs.
      M.L.

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    3. Nota 10 e pesquisa! Virei fã do Marquês de Maricá.

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  9. Pardon, ma chérie...o correto seria : recolher-me-ei.
    Bjssssssssssssss
    Marcos Lúcio

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  10. Querida adoro seus textos. Procurei um mas não achei. Bjokas

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  11. Lindos seus textos, como sempre. Bjokas

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