segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Epopeia de Nova Iorque com milhas

Estava trabalhando quando entrou a mensagem da companhia aérea, avisando que estrearia uma nova rota e, melhor ainda: NOVA IORQUE COM MILHAS!

Fui clicando só pra ver o que acontecia e de repente... gelei! Não é que conseguiiiiiii??????
Clico ou não clico? E meu coração também pulava, igualzinho ao ícone do computador. Pum-pum! Pum-pum! Pum-Pum! Pum-pum-pum-pum! (olha aí a minha arritmia). E o tempo passando e me fazendo lembrar daquele locutor de futebol chatérrimo que berrava pelo radinho do meu pápi, lá no passado da minha infância: “O relógio maaaarca!!!”...
Clico ou não clico? Clico ou não clico? Clico ou não clico?
Cliquei!
E depois liguei para o co-piloto, que também responde pelo departamento financeiro daqui de casa (eu sou o executivo) e dei a notícia:
-- Menino, ganhamos bilhetes para NY! Vai ser NY de graaaaaaça!
-- Você é doida?! Nós já não juramos que nunca mais iríamos bancar os pinguins em Nova Iorque?!
-- Mas a viagem é de graça, homem de Deus! DE GRAAAAAÇA!!!
Tá bom, nem tão de graça assim, se considerarmos que o bilhete é o que há de mais barato na viagem, mas depois a gente pensa nisso. Por enquanto, vamos que vamos que a animação é grande.
No grande dia, chegamos ao Galeão às 7h da manhã pra fazer o check-in e pegar a conexão das 9h pra São Paulo. Mesmo assim quase que conseguimos perder o voo devido à inexperiência dos funcionários da companhia, que eram só dois para atender uma multidão, e que me confessaram ainda não terem recebido treinamento para despachar passageiros para os EUA. Depois de pegar uma fila errada por culpa de um funcionário mais perdido que  cego em tiroteio, estávamos na rabeta da fila certa quando faltavam menos de 30 minutos para o avião decolar. Tive que botar a boca no trombone para que alguém nos atendesse e não perdêssemos mesmo a viagem. E por alguns segundos achei que fosse ser linchada por aquela tal multidão que ficou pra trás.
Já em São Paulo, a funcionária da conexão nos botou numa fila e, quando vimos... plim! Como num passe de mágica estávamos já dentro da sala de embarque, sem fazer imigração na Polícia Federal. E não adiantava falar com ninguém, porque ninguém entendia que alguma coisa estava errada... mas como é que a gente vai entrar nos Estados Unidos se não conseguimos sair do Brasil, meu Deus do céu? Como é que viemos parar na sala de embarque sem passar pela PF???
Depois de muito reclamar, conseguimos resolver a situação e fomos parar no salão de embarque daquele que é o maior aeroporto do país. E onde o wifi não funciona e o passageiro toma a coca-cola mais cara do país, que custa 7,90 reais. Sem falar que a oferta de restaurantes é paupérrima, mas cobra preços para inglês ver. Arrisquei um prato alemão do qual só encarei mesmo foi a salsicha de vitela, porque a salada de batata já veio com a mãozinha na cintura me avisando que, se eu me atrevesse a comê-la, ia ter uma tremenda dor de barriga no avião, só de sacanagem! E foi assim que já comecei gastando mal o dinheiro das férias em NY: 43 reais por uma salsicha. Meu co-piloto, que tem estômago de aço, mandou pra dentro um sanduíche de salaminho na padaria, e que tinha cara de anteontem.
Olha, vou dar uma de Camila Pitanga e adaptar a situação:
PRIVATIZA, DILMAAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
No avião, achei que tinha entrado no corredor errado e que estava na ponte-aérea São Paulo-Rio: aviãozinho pequeeeeeno... duas fileirinhas de três poltronas... Uai, quede a televisãozinha pra gente ver um filme e ajudar a passar o tempo nesta viagem de mais de dez horas? O comissário, meio sósia do John Travolta, tentou segurar a onda da situação:
-- vou me informar com a equipe de terra para saber o que está sendo planejado para a recreação.
Foi quando a moça da fileira ao lado emendou:
-- Vai ter um grupo de teatro!
E eu entrei o clima:
-- Karaoquê!
E o comissário:
-- A gente brinca de cabra-cega!
Em resumo: recreação coisa nenhuma! Quem quis se distrair um pouco e não morrer de tédio ou de ansiedade no avião teve que tomar uns gorós. E o povo caiu dentro do uísque!
-- Bota mais gelo aê!!!!!
Depois de mais de meia hora dentro do avião, esperando sei lá o quê para decolar, finalmente o piloto deu as caras no alto-falante e já começou pedindo desculpas pelo atraso...  que foi dele mesmo, que se enrolou no trânsito de São Paulo. E prometeu que ia pisar na tábua pra recuperar o tempo perdido.
Foi aí que o meu co-piloto passou um sms para o brasileiro que montou empresa de transporte em NY e cobra 100 dólares adiantados pra buscar turistas no aeroporto. Conforme combinado, avisou que o voo estava no horário, e que esperávamos por ele pra nos buscar de madrugada, quando chegássemos. O homem respondeu simplesmente: “Era hoje????”.
Como diria minha santa mãe:
-- Jesus, Maria, José!!!!!!!!!!!!!
De repente, eis que começa o serviço de bordo. Dei graças ao bom Pai Celeste, porque a salsichinha do aeroporto não deu nem pro começo do buraco na minha pança. Então vi os famosos sucos de laranja e pacotinhos de amendoim. Comecei a rir de nervoso. E quando o garçon, digo, o comissário, chegou todo sorrisos, mandei na lata:
-- Não tem almoço? Vamos de amendoim até Nova Iorque?!
-- A senhora não almoçou na sala vip?
Cá entre nós: eu não sou vip, mas não perco a pose. E respondi na maior naturalidade:
-- Nãããããoooo... não passei por lá.
-- Que pena! Teve almoço para os passageiros.
Minha indignação foi tanta que precisei me defender, nem que fosse jogando um agá gigante em cima do homem:
-- Escuta, eu paguei uma nota preta pelo bilhete e não tem almoço a bordo?!
Ele sorriu benevolente:
-- Mas minha senhora, neste voo só tem cliente de milhagem...
Mais uma oportunidade que ele me deu para bancar a vip de araque:
-- Então estou no avião erraaaaaaaado!!!!!
A viagem foi dura no aviãozinho, e na chegada pensei que fosse ser mandada de volta pelo agente da imigração que implicou com o meu nome, alegando que isso não é nome de brasileiro. Felizmente o motorista apareceu e nos levou direitinho ao hotel, pena que não fechava a matraca e se gabou de ter greencard durante todo o trajeto.
Hoje, primeiro dia da viagem, dormimos quase que o dia inteiro e depois de recuperar as forças fomos passear: estava chovendo,  e esta foi a primeira vez que peguei chuva em uma viagem de férias. Mesmo assim a cidade é linda e passear pelas avenidas é uma diversão incrível. Amanhã, mais novidades...
Observação: quase não publiquei a história toda na íntegra porque o post ficou muito grande. Mas mudei de ideia quando o co-piloto disse que estava menor que os comentários do Marcos Lúcio.


       
                                             Encontrei um velho amigo na Times Square

17 comentários:

  1. A cor vermelha e o abraço carinhoso não deixam dúvida: você ama N.Y. e "N.Y." de vermelho, too, ama você.O comentário está beeeeeeeem menor que o seu , darlingDannemann, rs.
    Santé e axé!!
    Marcos Lúcio

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    1. DearMarcos... mas o que acontece é que adorrrro seus comentários enoooooormes. Já falei: este blog não é o mesmo sem os seus pitacos. Kisses and kisses, porque eu não sou Carmen Miranda mas hoje tô americanizada!

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    2. DarlingDannemann...este modesto pitacante sente-se extremamente lisonjeado e muiiiiiiiiito prestigiado pela talentosa e paciente blogueira. Mas quem adorrou primeiro fui eu - os seus excelentes posts-, tornando-me seu grande admirador e divulgador, espontaneamente . Merci beaucoup por você ser explicitamente simpatizante e seu cafofo virtual ser tão aconchegante(cuddlefofo ou cozyfofo). Quando quiser expulsar-me , dê-me aviso préviokkk.

      Para quem não conhece esta delícia cantada pela FENOMENAL E INSUPERÁVEL Carmen Miranda, reproduzo a letra, com a qual identifico-me pletoramente.

      "Disseram que eu voltei americanizada
      Com o burro do dinheiro
      Que estou muito rica
      Que não suporto mais o breque do pandeiro
      E fico arrepiada ouvindo uma cuíca
      E disseram que com as mãos
      Estou preocupada
      E corre por aí
      Que eu sei certo zum zum
      Que já não tenho molho, ritmo, nem nada
      E dos balangandans já não existe mais nenhum
      Mas pra cima de mim, pra que tanto veneno

      Eu posso lá ficar americanizada
      Eu que nasci com o samba e vivo no sereno
      Topando a noite inteira a velha batucada
      Nas rodas de malandro minhas preferidas
      Eu digo mesmo eu te amo, e nunca I love you
      Enquanto houver Brasil
      Na hora da comida
      Eu sou do camarão ensopadinho com chuchu "
      Luiz Peixoto e Vicente Paiva, década de 40.

      Santé e axé!!! + thousand kisses(assim que se escreve?).
      Marcos Lúcio

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  2. Pra que voce gasta 100 merrecas verdes se um taxi amarelo tem flat rate de 45 para Manhattan??

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    1. Não, dólares americanos mesmo!!

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    2. No que voce entra, no banco trazeiro do lado direito tem um aviso sobre precos, normas, etc. La voce encontra isso.

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  3. Flat rate = taxa flutuante... Desculpem, mas porque usar termos em inglês se temos o equivalente em português? Isso sim é brega e cafona...

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    1. Anonimo... o rapaz mora nos EUA há bastante tempo. E ao utilizar esta expressão, nos dá uma boa dica de como falar com os taxistas. (Por outro lado, há quem pense que comentar e não se identificar também é brega). Abraços, volte sempre e identifique-se da próxima vez.

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    2. Anonimo: Flat rate significa taxa FIXA e nao flutuante. Desculpe-me pela mistura de idiomas. Isso acaba ocorrendo, normalmente, apos decadas falando apenas o "outro idioma". De qualquer forma, usando uma expressao muito comum entre os franceses..."Savoir vivre, savoir faire."

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    3. Retorno para um complemento.

      Usei a palavra usada pelo anonimo na sua "traducao" literal (TAXA). Lembro que, alem da traducao literal existe a livre e a baseada no contexto. No caso, o termo FLAT RATE esta relacionado ao pagamento de uma corrida de taxi assim a traducao correta, pelo contexto, eh TARIFA FIXA. Em ambos os casos, usando qualquer forma de traducao, a palavra FLAT nunca, jamais, sera FLUTUANTE, muito pelo contrario!

      Aproveito este momento academico para informar ao ilustre anonimo que, sim, "Savoir vivre, savoir faire" significa, em traducao livre, "Saber viver, saber fazer" mas nao eh esse o conceito da frase. Esse, na verdade, eh bem diferente e pode ser traduzido como EDUCACAO, ETIQUETA.

      Coisa que muitos necessitam aprender antes de uma aventura pelos idomas falados mundo afora.

      A bientot (infelizmente sem a devida acentuacao...)

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  4. Tudo de bom, aí, em N.Y

    Abraço.

    ANTONIO CARLOS

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  5. Divirtam-se, mas o Waldir Amaral não era chato não, "tem peixe na rede do Flamengo, estão desfraldadas as bandeiras do Botafogo...!" Boa viagem, gostei do abraço que você deu no come-come.

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  6. Fernanda,

    Lembrei me de mais uma dica: se voce for assistir a algum show da Broadway, tenta comprar os ingressos eu nao estou certa se e depois das 11:00 hs ou depois do meio dia no Teatro, sai mais em conta do que pela internete. No Time Square tambem tem um lugar que vende, bem ali no buchicho, mais e uma fila danada, bjs e divirta-se.

    Felicidades,

    Gilda Bose

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  7. E vcs já tinham o visto?! Todos os dois?!

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    1. Mas que pergunta descabida é esta?! Ainda mais vinda de um anônimo? Coisa muito estranha...

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  8. Interessante... Lembrei-me da revista Mad. La sempre tinha a pagina com "Respostas cretinas para perguntas inbecis". Ria muito!

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