quarta-feira, 10 de abril de 2013

Na TPM, céu de brigadeiro!

Se tem uma coisa que homem nenhum deste mundo terá o prazer de saber um dia, é o valor que tem uma boa TPM!

Sim! Hoje estou aqui pra falar bem da maldita. Falar bem, não. Falar “ótimo”!
Como o leitor há de ter percebido pelo meu sumiço, e já há de ter sacado pelo rumo desta conversa... tive uma TPM nojenta por estes dias. E com tudo o que tinha direito: chorei, deprimi, “enxaquequei”, gastei, comi, briguei, discuti, dormi e tive vontade de morreeeeeeeer...
Agora, graças ao Pai do Céu, estou de volta, tal qual fênis ressuscitada (ou melhor, renascida).
E venho a público dizer que TPM é o seguinte: em primeiro lugar, um perigo, porque a gente pira total na batatinha, fica valente e sai encarando qualquer valentão pela rua, principalmente aqueles que fazem bandalha no trânsito e mandam a gente pilotar o tanque ou o fogão.
E as velhinhas? Well... as velhinhas são um capítulo à parte.
Todo mundo já sabe que, embora eu me amarre em bater papo com velhinhas, volta-e-meia uma delas cisma de implicar comigo. Desta vez, fui chamada de “descompensada” por uma delas, que me viu batendo boca com uma vendedora de loja que me atendeu mal. E só porque eu, depois de ser maltratada seguidas vezes, dei um passa-fora na sem-educação que estava do lado de dentro do balcão. Saí da loja e, ali meia-dúzia de passos depois, voltei pra dizer pra moça deixar pra lá, e que eu ia fazer o mesmo... e que deveríamos ter então um bom dia depois de feitas as pazes. Mal cheguei e a velhota, que não me viu, estava dizendo:
-- Liga não, ela é descompensada!
E eu grunhi, bem ali ao lado dela:
-- QUEM é descompensada?
A velhota deu um salto, quase foi parar no teto com o susto e gaguejou:
-- Ninguém não, tô contando aqui um outro caso pra ela...
O susto da velhota parece que contagiou a vendedora, que deu no pé na mesma hora e foi sei lá pra onde.
Fiz o mesmo: dei no pé. E resolvi devorar uns brigadeiros pra compensar o aborrecimento.
É o seguinte: quando fico atacada dos “nelvos”, só mesmo uma, duas, três rodadas de brigadeiros são capazes de me acalmar. Nestes dias de crise, sou capaz de traçar um brigadeiro grandão em apenas duas bocadas e engolir tudo sem nem mastigar. Meu marido acha um absurdo e gosta de ir comigo só pra dar risada junto com a vendedora. Ele não entende que é um devorar por devorar, uma busca sôfrega por serotonina na veia e um “zero total radiante” de civilidade ou culpa: prazer selvagem de saciedade, volúpia inconsequente de um deleite carnal que, além de tudo, só vai fazer mal (porque engorda e aumenta o colesterol), mas é de delícia total até mesmo esta consciência, a de que trata-se de um prazer puramente corpóreo e material.
Na TPM, um brigadeiro pode ser melhor que sexo, ainda que seja um sexo “daqueles”... e melhor que comprar uma roupa nova naquela loja carérrima... a gente mastiga, mastiga... e pensa nos brincos que comprou, mas que não devia ter comprado, porque precisa economizar... pensa que se sente um traste quando se olha ao espelho, e nada dá um jeito neste cabelo langanhento, mas foda-se! A gente mastiga, mastiga...  e pensa até que escreveu “foda-se” na Internet, mas...aaaah, foda-se!
Nestes dias do mês, toda mulher tem a sorte de entrar em contato com aquele seu lado selvagem, que há milênios vem sendo domesticado... e taí uma coisa que os homens jamais terão o prazer de experimentar! Eles nunca saberão o que é ter os hormônios dançando loucamente pelo corpo e deixando a gente num estado de libertação que nenhum Gatorade com vodca é capaz...
Os hormônios ficam doidos e quebram o cadeado que aprisiona aqueles sentimentos e instintos mais básicos: a sensibilidade, a fúria, a mágoa, os desejos, as necessidades ... e aí a gente suporta menos, se adapta menos, se enquadra menos, aceita menos... e se enerva mais, se rebela mais, se cansa mais... e até grita e se exaure mais... antes que tudo se acalme dentro do corpo e as coisas voltem a ser como antes.

A gente está livre para as maiores doideiras, inclusive brigar com o chefe e pedir o divórcio, mesmo sabendo que as chances de ter que pedir desculpas depois são enoooooormes. E daí? A gente pede, mas primeiro é preciso fazer a besteira, porque sem besteira não se vive!
E toma brigadeiro! E come, come... que é pra mandar para o espaço toda a culpa que está ali, atrás da porta, só esperando a TPM passar... e aí, minha nega... não vale mais chorar de arrependimento, porque a TPM já passou!
 


7 comentários:

  1. Depois que passa a TPM, eu sempre digo pra minha mulher: "Que bom que você voltou!!!!"

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  2. Fernanda,

    Eu percebi seu sumico, pois assim como toda mulher, conheco a tal da TPM, que como voce bem o descreve nos mostra o nosso lado selvagem.....agora ca entre nos, como existem profissionais ruins neste mundo ..... que mesmo voce nao estando na TPM da vontade de "rodar a baiana" ....mas para nao escutar comentarios como dessa senhora (que ao meu ver, ja perdeu a sua memoria, pois ela tambem teve as suas TPM) ... eu me contenho, conto ate 10, as vezes ate mais para me segurar ...... nao so se tratando da minha pessoa, mas tambem quando vejo coisas acontecendo com outras .......para mim doces tambem ajudam ..... a TPM e como uma tempestade que nos abala, e depois que passa, e como se nada tivesse acontecido ......e por isso que a paciencia e muito importante em qualquer relacionamento.

    Felicidades, bjs.

    Gilda Bose

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    1. Gilda, faço minhas as palavras do Velho Dannemann: "paciência é coisa que eu nunca tive nesta vida". Mas juro que eu tento!!! bjão!

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  3. Fernanda, acredito que a quase totalidade das mulheres odeia essa montanha russa, hormonal- atitudinal-comportamental, chamada TPM. Todavia, mesmo comtodos os recursos que a Medicina, Psicologia e outros conhecimentos oferece, a maioria prefere, por ignorância ou algum ganho secundário, manter-se refém desse quase primitivo estado-de ser temporário. Pior, envolvem os que cnvivem com elas, agredindo,chantageando, negligenciando e expressando outras formas destrutivas de relacionamento, obrigando, tacitamente, que todos respeitem e compreendam esse momento.
    Em pleno século 21, com técnicas diversas de reposição hormonal, hábitos saudáveis de alimentação ,exercícios físicos, meditação...além de simplesmente, poder sustar a menstruação e por anterioridade, a TPM, não vejo sentido na manutenção desse estado de coisas. Muitas relações afetivas naufragam por por conta desses surtos intermitentes, relações com filhos e amigos e colegas de trabalho, fragilizam-se ou terminam, demissões ocorrem, por conta da manutenção desse paradigma obsoleto. Será que as mulheres compreenderiam seus pares caso , com data anunciada, surtassem e se comportasem de modo idêntico ao seu? Pouco provável.
    Confesso ter puca ou nenhuma paciência com essas metamorfoses radicais, e nas raras vêzes que comecei relacionamento afetivo-sexual com mulheres com ese perfil, não resistiram mais que dois ciclos menstruais. Afinal, ninguém saudável acha legal ser maltratado sem nenhuma razão lógico-afetiva para tal.
    Desse modo, Fernanda, salvo, se realmente, a TPM lhe tenha sabor de brigadeiro, utilize os recursos disponíveis ás mulheres contemporâneas, inteligentes, independentes, criativas, como você, para erradicar ou, pelo menos minimizar esse inferno terreno

    ANTONIO CARLOS

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    1. Antonio Carlos, meu post é uma brincadeira. Já trato a minha TPM e ela está sob controle. O caso é que a bicha é danada e às vezes fica rebelde, nao respondendo a nenhum tratamento, remédio, acupuntura ou reza-forte. Mas olha... eu não maltrato nem faço chantagem com ninguém não! E adorei o "contemporâneas, inteligentes, independentes e critivas", e te digo que a recíproca é verdadeira! E vamo que vamo! Abraços!

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  4. Não sei e não sinto nada-por razões óbvias, graças a Deus nasci homem rsrs- com relação ao assunto, mas coincidentemente li no JB e repasso, apenas como contribuição. Só mulheres podem opinar, claro!

    Segundo a doutora em Saúde Coletiva da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Miriam Oliveira, apesar de as pessoas acreditarem que a TPM é causada diretamente pelas oscilações hormonais (progesterona e estrogênio, hormônios ditos ‘femininos’), pesquisas biomédicas mais recentes não confirmam essa hipótese. “Parece não haver qualquer evidência que indique que mulheres com TPM experimentem um desequilíbrio, excesso, déficit ou queda mais rápida nos níveis de estrogênio e/ou progesterona antes das menstruações”, explica a pesquisadora.

    O mau humor, o nervosismo e a hipersensibilidade emocional que a maioria das mulheres afirma ter durante certo período do mês são, na verdade, uma construção cultural complexa. De acordo com ela, essas reações não são um “fato biológico” universal e a-histórico. “Com certeza há interesses importantes que interferem direta ou indiretamente na promoção equivocada da TPM como uma ‘patologia cientificamente comprovada’ que atingiria praticamente todas as mulheres em idade reprodutiva”, afirma.

    Para Miriam, a TPM “‘existe’ enquanto uma construção complexa que inclui, para muito além da biologia, aspectos psicológicos, culturais, econômicos, sociais e políticos”. Ela acredita que a TPM não pode ser reduzida a um fato exclusivamente biológico, determinado por causas fisiológicas, hormonais, ou mesmo neuroquímicas.


    A síndrome seria um momento de permissão à mulher expressar raiva, ter explosões, crises e tudo o que é considerado “inconveniente para uma boa mulher”,e estaria em parte associada ao controle social sobre a mulher. “A TPM é utilizada para minar a confiabilidade das mulheres (quem confiaria numa pessoa que uma vez por mês fica irracional, descontrolada, instável, dependente de seus ‘hormônios’?)”.

    Para Miriam, as próprias mulheres têm representado um papel importante na promoção da crença na TPM, pois algumas encontram na síndrome uma estratégia para lidar com dificuldades nas suas vidas. Para ela, que também é autora da tese A construção da síndrome pré-menstrual, talvez essa não seja a melhor opção: “A TPM é um atraso na verdadeira emancipação das mulheres. O prejuízo provocado por ela não se dá apenas para as mulheres, mas também para os homens, que na maioria das vezes são considerados as ‘vítimas’ de suas crises’”.



    A pesquisadora admite que continua a estudar o tema, porém adianta que tem observado que a TPM é mais frequente e mais intensa em mulheres mais dependentes, menos autônomas dos pontos de vista econômico, profissional e psicológico e que esperam de seus companheiros a solução de todos os seus problemas, supondo que a sua felicidade depende do outro.

    Para a doutora , é humanamente impossível alguém satisfazer completamente outra pessoa (exceto de forma imaginária), e injusto colocar no outro a responsabilidade por si mesma. “A TPM seria uma das respostas tristes às questões existenciais com as quais todos nós somos confrontados, incluindo diferenças culturais de gênero que incidem sobre cada um de nós”.

    Santé e axé!
    Marcos Lúcio

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