terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Alforria


Já devorei o sal

Do ressentir, do odiar,

Do alvejar por ira os meus cabelos,

Do mal-dormir, pelo pesar dos olhos,

Do deglutir na bílis o agravo.

Deixei passar o tempo

Amarelei ao sol

E repentina, vi a mágoa envelhecida,

Sem apetite para a nódoa do rancor;

Vinha comigo por costume pela vida,

Como canela e cravo.

E ao vê-la frágil, velha, imperiosa,

Posta aos meus pés, na tentativa no labor,

Vi-me liberta,

Do grilhão, dorida:

E daquele que odiei,

Uma saudade em flor.

(Fernanda Dannemann)



5 comentários:

  1. Poema de singular beleza. penso que o caminho da individuação,passe necessariaménte, por essa quase metanóia , que você divide com seus leitores.
    Parabéns por esse cometimento.

    ANTONIO CARLOS

    ResponderExcluir
  2. Com muito charme, você discordou do epíteto com o qual a reconheci no poema anterior, e digitou: "Bloguetisa???? Quem me dera... eu, assim como diz o Antonio Carlos, "cometo" umas mal-traçadas linhas de vez em quando"...

    Se prefere, então... cometedora, "oquei", mas considero estas, também, belas e bem traçadíssimas linhas. Alforria poderia ter, também, pelo processo do auto-conhecimento sugerido...o título de Amadur(é)ser.
    Santé e axé!
    Marcos Lúcio

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Se além do Antonio Carlos, o Pitaqueiro-Mor gostou, minha alegria é dobrada...

      Excluir
  3. Não é atoa que o Marcos Lúcio,chama vc de "bloguetisa".

    Monica.

    ResponderExcluir

Dicas para facilitar:
- Escreva seu nome e seu comentário;
- Selecione seu perfil:----> "anônimo";
- Clique em "Postar comentário";
Obrigada!!!!!