quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Uma ovelha pra chamar de sua

Esta é a segunda vez que me acontece de adorar uma história e ainda por cima cair no choro no final, depois de ter ido parar ali naquela sala de cinema por total falta de opção. Não levo a menor fé em críticos de cinema, e geralmente não leio nada sobre o que está em cartaz. Dou uma olhada nas fotos de divulgação, vejo os atores... e decido.

Foi assim que, anos atrás, fui ver “17 Anos”, uma produção cuja origem não me lembro: chinesa, coreana, sei lá... e que contava a história trágica de um homem e uma mulher que se casam, cada qual levando uma filha para a vida conjugal. As meninas têm a mesma idade e não se gostam; são diametralmente opostas em tudo... e uma acaba responsável pela morte da outra. Depois de 17 anos presa, ela volta para passar a noite de natal em casa, e se reencontrar com os pais. E acontece o show de interpretação e de emoções tão humanas. Um filme sobre as diferenças, o perdão, a culpa e o amor. Lembro que as luzes se acenderam, o povo ia saindo da sala e eu não conseguia parar de soluçar, sentada cobrindo o rosto com as mãos, enquanto o Migliaccio, sentado ao meu lado, fazia cara de paisagem e tentava fingir que não me conhecia.

Bom... contei o “17 anos”, mas o filme que ontem me fez chorar foi “Paris Manhattan”, uma comédia-romântica deliciosa e que reserva um final surpreendente. A atriz é cativante e bonita, mas o ator é um cara feiozão, meio acima do peso, totalmente fora do que se espera para o “mocinho” do filme... e é aí que está toda a graça da coisa, porque na vida real também não é assim que acontece?

Quem não se lembra da célebre cena de Gene Wilder apaixonado por uma ovelha em “Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo mas tinha medo de perguntar”? Pois é... a ovelha! Pode ser que eu não tenha entendido nada de nada, mas sempre achei que a tal ovelha era nada mais que uma metáfora (óóóóótima) pra definir aquela pessoa que está longe dos nossos ideais românticos ou práticos para a vida em comum... mas que, sei lá por quais mistérios da vida, é a única que pode nos fazer realmente felizes!

Você, por exemplo: pode ter cismado com a figura idealizada de alguém que seja assim ou assado... que tenha cabelos curtos e negros como a asa da graúna...  e alta estatura, e pescoço looooongo como uma girafa... e uma voz de rouxinol... e a sutileza e o charme de um tigre... e a superioridade do rei da selva... mas então... eis que quem te aparece, e te faz rir, e te faz gostar da vida, e te faz transar como se tivesse 18 anos... é aquela ovelha fofa, cabeluda, redondinha e que te acorda cedinho, todos os dias, fazendo “bbbbbéééééééé” !!!!

Paris Manhattan é um filme comum por isso mesmo: ele fala desta procura pelo amor idealizado que, tantas vezes, faz a gente deixar passar o amor perfeito... aquela ovelhona meio esquisita, mas que é capaz de nos dar algo que ninguém mais consegue dar... e que tantas vezes, só por não se encaixar no molde da nossa vaidade, passa em brancas nuvens por nossos olhos, que procuram um bicho mais bonito ou elegante.

Feliz de quem acorda a tempo... de ter uma ovelha bem singular pra chamar de sua.


8 comentários:

  1. È o que sempre digo ...melhor se apaixonar pelo sapo do que pelo príncipe,pois certamente,mais tarde, vai se decepcionar !

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  2. Teresa... nem sapo, nem príncipe. Apaixone-se por uma ovelha e seja feliz para sempre!

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  3. Pode acontecer, sim, um relacionamento legal, com alguém fora dos padrões, amplo espectro, á que estamos condicionados. Agora, creio que tais diferenças, caso antinõmicas, inviabilisam a construção de laços afetivo-sexuais , prazerosamente duradouras. Há momentos, geralmente, quando estamos desatentos de nós, que até o bizarro nos encanta. Mas, como o amor possui sua própria inteligibilidade, quando retomamos a atenção, tal encanto vira fumaça e dissolve-se no ar.

    ANTONIO CARLOS

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  4. Looooooonge de mim e não teria motivo, "marrelógico", de discordar da queriDannemann, até porque os amigos e conhecidos dizem que sou amoroso e amável, ou seja, amor da cabeça aos pés rs. "Entonces", procuro sempre defender(se consigo, são outros quinhentos rs) com razão, sensibilidade, aprendizado, emoção e espiritualidade, toda e qualquer forma de amor - por senti-lo sagrado - e sou adepto das máximas: "amai-vos uns aos outros e amar ao próximo como a ti mesmo". Como o post refere-se ao amor eros, ato contínuo, não interessa se seja ele ou ela...para a natureza (ou Deus?!) o que conta, indiscutivelmente, para quem ama ou sabe amar, é o elo...o resto é conversa para boi idiota dormir rs.

    Há inúmeras classificações para o amor: filia, ágape, fati, materno, etc.Para Platão e outros tantos filósofos, para o Caetano Veloso("assim como o amor está para a mizade e quem há de negar que esta lhe é superior") e "moi aussi", o amor eterno, quase perfeito, espontâneo e desinteressado...é o da amizade , da afinidade, onde não há sentimento de posse, nem exclusividade, nem cobrança. Só com amigos verdadeiros pode-se falar tudo,inclusive de "traiçoes" rs, sem riscos.

    Não por acaso, é sintomático como são apresentadas lições de vida em relatos de pacientes terminais, no livro:
    "Antes de Partir: Uma Vida Transformada pelo Convívio com Pessoas Diante da Morte", com relatos da escritora e compositora australiana que prestou cuidados a pacientes terminais, a maioria deles com câncer.
    "The Top Five Regrets of the Dying" ("Os Cinco Maiores Arrependimentos à Beira da Morte", tradução livre do título original em inglês), traz lições de como perdemos tempo com futilidades.

    O volume é dividido em cinco lamentos:
    "Desejaria Ter Tido Coragem de Viver uma Vida Verdadeira para Mim Mesma, Não a que os Outros Esperavam de Mim";
    "Desejaria Não Ter Trabalhado Tanto";
    "Desejaria Ter Tido Coragem de Expressar Meus Sentimentos";
    "Desejaria Ter Ficado Mais em Contato com Meus Amigos";
    "Desejaria Ter-me Permitido Ser Mais Feliz".

    Próximos da morte, pacientes valorizam a amizade

    "Desejaria ter ficado mais com meus amigos" é um dos cincos lamentos mais comuns dos que estão para morrer segundo a enfermeira australiana Bronnie Ware. A sensação de que se "perdeu tempo" por não desfrutar da amizade é a mais frequente.
    Por falta de tempo ou pela distância, o afastamento de amigos parece inevitável. No cotidiano, o enfraquecimento dos laços de amizade pode até não ser notado. Porém, a proximidade da morte mostra o quanto esse relacionamento é importante.
    Alguns dos pacientes gostariam de voltar no tempo para poder ter longas conversas e estar na companhia de um amigo - mesmo que fosse para assistir um filme em silêncio ou ouvir música.

    "Sinto falta de meus amigos, acima de tudo", contou uma paciente. "Eu desejaria não ter perdido o contato com eles. Você imagina que seus amigos sempre estarão por perto. Mas a vida muda (a gente se descuida)e, de repente, você se descobre sem ninguém neste mundo que lhe entenda ou saiba, verdadeiramente, qualquer coisa de sua história".
    Santé e axé!
    Marcos Lúcio

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  5. Pra você ver como tem gente que gosta do verde, outros, do amarelo: eu acho o ator do filme um homem interessante (rs). Poderia tranquilamente escolhê-lo como a minha ovelha. :o)))

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    1. Vilma, quando cheguei mais ou menos no meio do filme, eu também já estava caidinha por ele. Poderia ser minha ovelha também! :o)))

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