“As aftas ardem e doem” em Londres

Quando a gente não domina um idioma as piadas surgem como pipocas estourando na panela. Hoje mesmo aconteceu assim:

-- Please, sir, where is Pênisleine?

E o inglês:

-- What “Lane”?

Mas esta foi de propósito. A que veio espontânea foi no teatro, quando a mocinha foi me explicar os primeiros cinco minutos da peça, que eu havia perdido, e eu me enrolei. Ela foi enfática:

-- Do you speak english?

E eu devolvi:

-- Do you speak portuguese?

 -- No.

-- German?

-- Yes!

Como por esta eu não esperava, antes de dizer “thank you” e dar no pé, mandei pra cima dela (pronunciando tudo bem depressa, pra dar o efeito alemão):

-- As aftas ardem e doem, as hemorróidas idem.

Por falar em teatro, hoje fui ver a versão teatral do filme “Cavalo de Guerra”. São duas horas e meia de peça, o que cansa um pouco, principalmente porque não é um musical e há um excesso de falas. Mas os atores que fazem o cavalo, na verdade uma marionete gigante, manipulada por três rapazes, sendo dois deles dentro da estrutura e um responsável só pelos movimentos da cabeça do bicho, dão um verdadeiro show. As cenas de batalha também são impressionantes e o resultado vale as 75 libras que paguei. Confesso que pensei no teatro brasileiro, tão caro apesar das produções fraquinhas, e que até mesmo com o advento da meia-entrada não vale o que cobra.

Well, mas o papo hoje é sobre Londres, então te conto que uma ida ao antigo mercado de peixe é um passeio imperdível. Parte dele fica sob uma linha de trem, e a outra parte em um prédio com cobertura de vidro.

Não é muito grande, mas tem de tudo um pouco inclusive aqueles pratos que a inglesada devora e que nós, que somos do outro lado do mar, certamente não temos condições de digerir por total falta de bactérias estomacais com capacidade para tanto. Eu comi peixe com batata frita em um restaurante que é metade baratinho e metade caro, olha só que coisa curiosa:

 

Foi nesta parte ai que eu tracei o meu almoço... e por falar em peixe,  acho que a tal da batata inglesa não é o prato popular em Londres não, porque só vejo por aqui o tal do “bacalhau” (que de bacalhau não tem nada)  com batata frita.

De barriguinha cheia fui passear em Oxford Street, a meca do consumo londrino. Olha, pode me chamar de besta, mas não gostei. A área é feia em comparação com o resto da cidade e a atmosfera é uma mistura de Saara carioca e Vinte e Cinco de Março paulista. A rainha do pedaço é a tal da Primark, a lojona de três andares que vende tudo barato, mas que exige paciência para garimpar, saca? A rua é enorme e tem lojas como Gap, Forever 21 e Zara, mas curiosamente nenhuma delas lembra nem de longe as irmãs de outras regiões.

Desisti de Oxford Street e fui bater pernas no Soho, onde encontrei a rua que mais gostei até agora:

Anote no seu caderninho: Soho, Covent Garden e Piccadilly Circus, todos mais ou menos no mesmo miolo da cidade, são obrigatórios no circuito londrino e fazem valer o bilhete de avião que a gente paga pra vir até aqui.