domingo, 14 de julho de 2013

Berlim depois do susto inicial

Meu primeiro dia em Berlim foi uma decepção, a começar pelo ícone da cidade, o Portão de Branderburgo. Tá bom, entendo a importância histórica e simbólica do dito monumento, mas como obra arquitetônica ele não tem nada da imagem vendida pelas fotos e reportagens de TV que a gente passa a vida vendo, antes de chegar ali, pertinho dele. E pertinho também da loja da Starbucks, bem em frente ali na praça, e que dá ao ambiente um ar meio de desmazelo.


Talvez eu tenha me sentido assim porque um dia antes estava diante do Arco do Triunfo, em Paris. Mas o fato é que a principal avenida da Berlim antes oriental, e que conduz ao Portão de Branderburgo, é um canteiro de obras, e isso assusta um pouco o turista desavisado. Ao lado de grandes museus e da catedral, estão as lojas de souvenires baratos e apostadores de jogo profissionais que tentam atrair turistas ingênuos. Tentamos encontrar um berlinense que pudesse dar-nos uma orientação sobre a cidade e não conseguimos, porque nesta área só há turistas.


Por falar nisso, jamais pergunte sobre a “Berlim soviética” a um cidadão da capital alemã: eles se ofendem. E “Berlim oriental” eles não entendem. O correto é Berlim socialista ou Leste.

E foi aqui, na ex-Berlim socialista, que comecei o passeio. Confesso que o começo foi duro, como ia dizendo. A famosa Alexander Platz, onde reina a torre de TV que tem um restaurante a 200 metros de altura, está decadente e não se parece em nada com as imagens alto-astral que pesquisei na internet antes da vinda.
A recepcionista do hotel avisou pra tomar cuidado com a bolsa, e eu acabei concluindo que não só com a bolsa, mas com o lanche também, porque os pardais de Branderburgo são peritos em jogar o bolo dos turistas no chão e depois fazer a festa...


Não me impressionei com os prédios da região, mas a catedral é majestosa. Fiquei emocionada com a homenagem feita a intelectuais mortos, exilados ou presos pelo nazismo.




Embora esta área da cidade seja considerada turística, realmente não me encantei ali, e fui para outro lado, o bairro Kreuzberg, bem alternativo:
 





É ali que rola, às sextas, uma feira turca que vende de alimentos a tecidos, passando por brinquedos, calcinhas, relógios, bijouterias e até um suco de romã delicioso. Às margens do rio Spree, a rapaziada faz piquenique e curte show ao vivo.


 

E há quem acredite que isso só acontece no Brasil...


No dia seguinte conheci uma área que gostei mais, nas adjacências da Rosenthaler Platz e que reúne bares e restaurantes legais, lojas descoladas, ateliês diferentes, brechós elegantes e praças muito bonitas, além dos berlinenses, em geral muito gentis (mas não tanto quanto os londrinos). Outra coisa boa em Berlim é que todo mundo fala inglês. Um homem veio esmolar e eu respondi que não sei falar alemão; e ele esmolou em inglês...





Foi aí que encontrei a dupla de cantores romenos que, mais uma vez, cantava “Ai, se eu te pego!”. A música, pelo visto, virou hit na Romênia...




À noite, esta mesma região ferve: e como o céu é claro até bem tarde, parece estranho ver os bares cheios de gente produzida quando a gente pensa que ainda são cinco da tarde... e na verdade já são 9 da noite!

 Berlim me parece uma cidade meio confusa, a começar pelo nome das ruas, impronunciáveis para quem não fala alemão, e isso dificulta na hora de pedir uma informação. O trânsito é aquela loucura: bicicletas, carros, bondes, ônibus, pedestres e mãos-duplas. Há também as pichações pela cidade toda; não são agressivas ou gratuitas, aos poucos a gente saca que elas fazem parte do universo da cidade... mas até que percebamos isso, a impressão é de estranheza.




Berlim tem outra coisa: é uma cidade cujos encantos devem ser descobertos aos poucos. Quem diria, por exemplo, que lá dentro de um lugar como este...


...haveria um antiquário de luxo?



Depois de um começo difícil, começo a gostar de Berlim. E sinto que até o fim da viagem estarei realmente conquistada por ela...

 

 

4 comentários:

  1. Ooooh, Fernanda, Berlim Oriental é como a Baixada Fluminense. E viajar tanto pra ir a Nova Iguaçu... você só ia gostar mesmo da Berlim capitalista, que é igual à praça Benedito Calixto... Bjs

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  2. Marcelo, agora fiquei preocupada com o que meus leitores podem estar entendendo. Berlim Leste não tem nada a ver com a nossa Baixada. Mas tenho pensado mesmo muito em você aqui, porque acho que a cidade é a sua cara: bicicleta, gente alternativa, night, domingo no parque, rebeldia no ar, comida pesada e cerveja gelada. Compra logo o seu bilhete!!!

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  3. A decepção com o Portão de Branderburgo suponho similar (guardadas as devidas proporções) ao que sentem os turistas mais atentos, sensíveis...digamos assim...ao se depararem , no Rio, com decadente e famosos monumento ARCOS DA LAPA:inadmisselmente sujo, fétido e quase caindo aos pedaços.
    Divirta-se, com saúde e alegria!!!
    Marcos Lúcio

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    Respostas
    1. Desculpe a digitação apressada rsrs...considere..." com o decadente e famoso monumento ARCOS DA LAPA: INADMISSIVELMENTE sujo..."
      M.L.

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