Talvez eu tenha me sentido assim porque um dia antes estava diante do Arco do Triunfo, em Paris. Mas o fato é que a principal avenida da Berlim antes oriental, e que conduz ao Portão de Branderburgo, é um canteiro de obras, e isso assusta um pouco o turista desavisado. Ao lado de grandes museus e da catedral, estão as lojas de souvenires baratos e apostadores de jogo profissionais que tentam atrair turistas ingênuos. Tentamos encontrar um berlinense que pudesse dar-nos uma orientação sobre a cidade e não conseguimos, porque nesta área só há turistas.
Por falar nisso, jamais pergunte sobre a “Berlim soviética” a um cidadão da capital alemã: eles se ofendem. E “Berlim oriental” eles não entendem. O correto é Berlim socialista ou Leste.
E foi aqui, na ex-Berlim socialista, que comecei o
passeio. Confesso que o começo foi duro, como ia dizendo. A famosa Alexander
Platz, onde reina a torre de TV que tem um restaurante a 200
metros de altura, está decadente e não se parece em nada com as imagens
alto-astral que pesquisei na internet antes da vinda.
A recepcionista do hotel avisou pra tomar cuidado
com a bolsa, e eu acabei concluindo que não só com a bolsa, mas com o lanche
também, porque os pardais de Branderburgo são peritos em jogar o bolo dos
turistas no chão e depois fazer a festa...Não me impressionei com os prédios da região, mas a catedral é majestosa. Fiquei emocionada com a homenagem feita a intelectuais mortos, exilados ou presos pelo nazismo.
Embora esta área da cidade seja considerada
turística, realmente não me encantei ali, e fui para outro lado, o bairro Kreuzberg,
bem alternativo:
É ali que rola, às sextas, uma feira turca que vende de alimentos a tecidos, passando por brinquedos, calcinhas, relógios, bijouterias e até um suco de romã delicioso. Às margens do rio Spree, a rapaziada faz piquenique e curte show ao vivo.
No dia seguinte conheci uma área que gostei mais,
nas adjacências da Rosenthaler Platz e que reúne bares e restaurantes legais, lojas
descoladas, ateliês diferentes, brechós elegantes e praças muito bonitas, além dos
berlinenses, em geral muito gentis (mas não tanto quanto os londrinos). Outra
coisa boa em Berlim é que todo mundo fala inglês. Um homem veio esmolar e eu
respondi que não sei falar alemão; e ele esmolou em inglês...
Foi aí que encontrei a dupla de cantores romenos que, mais uma vez, cantava “Ai, se eu te pego!”. A música, pelo visto, virou hit na Romênia...
À
noite, esta mesma região ferve: e como o céu é claro até bem tarde, parece
estranho ver os bares cheios de gente produzida quando a gente pensa que ainda
são cinco da tarde... e na verdade já são 9 da noite!
Berlim tem outra coisa: é uma cidade cujos encantos devem ser descobertos aos poucos. Quem diria, por exemplo, que lá dentro de um lugar como este...
...haveria um antiquário de luxo?
Depois
de um começo difícil, começo a gostar de Berlim. E sinto que até o fim da
viagem estarei realmente conquistada por ela...
Ooooh, Fernanda, Berlim Oriental é como a Baixada Fluminense. E viajar tanto pra ir a Nova Iguaçu... você só ia gostar mesmo da Berlim capitalista, que é igual à praça Benedito Calixto... Bjs
ResponderExcluirMarcelo, agora fiquei preocupada com o que meus leitores podem estar entendendo. Berlim Leste não tem nada a ver com a nossa Baixada. Mas tenho pensado mesmo muito em você aqui, porque acho que a cidade é a sua cara: bicicleta, gente alternativa, night, domingo no parque, rebeldia no ar, comida pesada e cerveja gelada. Compra logo o seu bilhete!!!
ResponderExcluirA decepção com o Portão de Branderburgo suponho similar (guardadas as devidas proporções) ao que sentem os turistas mais atentos, sensíveis...digamos assim...ao se depararem , no Rio, com decadente e famosos monumento ARCOS DA LAPA:inadmisselmente sujo, fétido e quase caindo aos pedaços.
ResponderExcluirDivirta-se, com saúde e alegria!!!
Marcos Lúcio
Desculpe a digitação apressada rsrs...considere..." com o decadente e famoso monumento ARCOS DA LAPA: INADMISSIVELMENTE sujo..."
ExcluirM.L.