terça-feira, 16 de julho de 2013

Berlim mais de perto ainda

Matamos a curiosidade e fomos a Berlim Oeste e entendemos o movimento turístico no lado Leste.  A ex-Berlim ocidental é uma cidade comum, sem absolutamente nada demais. Seu ponto-forte é a grande avenida Kufursten-damm, onde concentram-se lojas de grife internacional. Foi só o que vi, e logo me deu vontade de voltar para onde estava antes.


 
 
Rumei para um lugar especial, o famoso “Checkpoint Charlie”, onde há uma reprodução de um dos locais onde havia o controle de fronteira entre as duas Berlins. É emocionante estar ali, há uma energia diferente no ar. Pense que a rua que hoje é assim...




... já foi assim (e não faz muito tempo):




A gente não consegue imaginar, por mais que vejamos fotos e evidências do muro, que também estão ali, o absurdo que era a situação. Fiquei pensando, naquele momento alegre de um dia ensolarado e de férias, nas pessoas que já sofreram naquela rua, imaginando ou tentando uma fuga para a liberdade. E ao mesmo tempo senti alívio ao lembrar que já passou... embora a dor vivenciada por tantas pessoas seja um fato imutável.
Sabe, conhecer Berlim é uma experiência de vida. Mais que uma viagem de férias, de turismo, uma diversão... é uma oportunidade de entrarmos em um mundo muito diferente daquele a que estamos acostumados. Quando você vai a Roma, por exemplo, e vê bem ali adiante o Coliseu, ou a casa do Nero, leva um susto. É incrível estar lá, mas ao mesmo tempo não é fácil estabelecer uma conexão entre si e aqueles monumentos, porque há uma distancia histórica e temporal muito grande.

Em Berlim esta distância desaparece. Aquele muro caiu há muito pouco tempo. Muitos de nós crescemos quando ele ainda estava de pé. Ver os restos de um símbolo tão forte de segregação mostra que a esperança não é uma ilusão.
 
Olha a marca por onde ele passava, cortando a cidade ai meio:
 
E olha como ficou a cidade:
 
Para quem gosta de museus, o DDR é um bom passeio. Ele é pequeno e o ingresso custa 6 euros: ali você pode ver de perto objetos usados pelos moradores da Berlim Leste na fase do muro, do carro ao papel higiênico.
 
O bonequinho do sinal de trânsito, que era típico da Berlim Oriental, já não pode mais ser utilizado como meio para sabermos em que parte da cidade estamos. E às vezes fica confuso saber onde começa a Berlim Leste e onde termina a Oeste... o dito bonequinho ficou tão popular que virou símbolo da Berlim inteira.
 
 
Uma coisa importante a se dizer da cidade, é aqui a gente come bem e gasta pouco. Este lauto almoço num legítimo alemão ficou em 25 euros, incluindo a gorjeta. Aliás não espere que os menus apresentem a comida com aqueles nomes que a gente está acostumado no Brasil: aqui é tudo diferente!




Vi em Berlim o mesmo golpe que agora é moda em Paris: a moça aborda uma pessoa, faz cara de coitadinha e pergunta "Do you speak English?". No que a vítima diz que sim, ela estende um pedaço de papel escrito à mão e que conta uma história triste: "sou da Bósnia, estou perdida aqui e procurando meus dois irmãos, tenho fome, por favor me dê dinheiro para comida!" Daqui a pouco este golpe vai chegar ao Brasil...


 
Por falar em comida, Berlim oferece uma boa variedade de restaurantes, que inclui com frequência a cozinha japonesa, árabe e vietnamita. O café é um desafio de tão forte, as cervejas coloridas e doces são deliciosas, e o chocolate quente não é grande coisa no sabor, mas no tamanho é enooooorme.



Os hotéis também não são caros, é possível encontrar boas opções com a diária na média de cem dólares. Como se vê, Berlim, no verão, é uma boa opção de viagem inclusive para quem não quer gastar muito.
Berlim Leste é alto-astral, pitoresca e cheia de segredinhos a serem desvendados... mas o povo que enche as ruas também é uma das grandes atrações da cidade. Gente interessante e, por várias razões, diferente do que estamos habituados.

Não fazer piadas é uma boa política de relacionamento com os alemães, cujo humor é diferente do nosso. Meu co-piloto quis brincar  com o garçon, e perguntou por que é que a menina da foto estava tão triste:

 
Sabe o que o sr. Simpático respondeu?

-- Porque ela estava limpando os banheiros...

5 comentários:

  1. Realmente a outra Berlim, das fotos do post anterior...tem mais singularidades, impressões digitais mais interessantes...digamos assim. Não que a Ocidental seja dispensável...looonge disto.

    O que desconcerta é que os golpes baixos não escolhem hora nem local. A mocinha bósnia tranbiqueira rs...até parece com pessoas que já vi ou conversei (os brasileiros, somos inclassificáveis e parecemos com quase todos os povos do planeta, afinal, somos misturadíssimos, né?).
    Continue o desfrute merecido.
    Santé e axé!
    Marcos Lúcio

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  2. Mauro Pires de Amorim.

    Pois é, embora a Alemanha tenha se reunificado e o Muro de Berlim tenha caído em 1989, as dicotomias ainda prevalecem praticamente 14 anos após. E veja que a antiga Alemanha Ocidental nunca sofreu grave ou seguida crise econômica nos termos que nós Latinos-Americanos passamos.
    Quanto à antiga Alemanha Oriental, bem, essa por ter ficado sob influência soviética, foi bem mais castigada em virtude da dívida para com esses relativa à 2ª Guerra Mundial, pois foi no front Leste que ocorreram os mais violentos e numerosos ataques e contra-ataques e lembrando que, naquela época os fascistas e nazistas chegaram a invadir e ocupar cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados da antiga URSS, causando enorme destruição e extermínio, inclusive de populações civis nas vilas e cidades numa política de faxina étnica e dominação, para então, colonizarem esses territórios com populações germânicas e de povos seus aliados do leste europeu.
    Com isso, a pose de potência que a Europa apregoava até antes da crise de 2009, sendo a Alemanha unificada sua maior potência, tinha mais de propaganda do que o que era realmente apregoado. Não que algum país da Zona do Euro esteja num nível de miséria típico de qualquer país da América Latina, mesmo os do leste da Europa e que também ficaram sob influência soviética e que no período da 2ª Guerra Mundial aliaram-se aos nazistas, tais como Hungria, Romênia, Bulgária, Eslováquia (parte da antiga Tchecoslováquia), Croácia e Eslovênia (parte da antiga Iugoslávia) e que também acabaram sofrendo políticas duras, punitivas e de cobrança de dívidas por parte da URSS, já que acabaram ocupadas e ficaram sob influência desta. Até a Finlândia, que era país aliado da Alemanha nazista na época e que também invadiu a URSS, perdeu parte de seu território e teve que ceder à cobrança de dívida e sofrer influência desta durante décadas após a guerra. Igualmente ocorreu com a Áustria, que por ter povo germânico, era parte do Reich de Hitler e que foi tomada e invadida integralmente por tropas soviéticas, ficando nessa situação até 1948, quando foi "trocada" pela Eslováquia, parte da Tchecoslováquia com então aliados ocidentais contra o nazi-fascismo.
    Após todo meu relato do pós-guerra e Guerra Fria, concluo que, como não poderia deixar de ser, baseando-me na máxima de que é o povo quem dá a permissividade aos governantes ou sendo curto e grosso, cada povo tem o governo que merece, sendo no fim das contas, esse mesmo povo quem paga pelas idiossincrasias de seu governantes e que gente boa e gente ruim existe em todo lugar do planeta, independentemente da cor da pele, nacionalidade, idioma, etnia ou de possuir ou não alguma religião, sendo tudo isso questão de capacidade e discernimento.
    Felicidades e boas energias.

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  3. A gente do Leste é mais interessante? Isso é interessante de se analisar. Será porque foram criados com outros valores, infelizmente depois desvirtuados por uma classe dirigente indigna? Procure saber quantas universidades havia no Leste quando o muro caiu. Garanto que mais que do outro lado. Os russos foram os principais responsáveis pela vitória sobre Hitler e exigiram metade da capital alemã sob a bandeira vermelha. Converse mais com o pessoal do leste e vai voltar com outra visão política, inclusive do nosso Brasil. Beijo

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    1. Marcelo, meu querido... a gente do leste é mais interessante sim, e é gente proveniente do mundo inteiro, sendo a maior parte muito jovem. Neste tipo de questão, é imprescindível vivenciar antes de levantar bandeiras apaixonadas. A percepção varia de um para outro, mas uma coisa é certa: você deveria vir aqui para conversar com as pessoas.

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    2. Mauro Pires de Amorim.

      Prezado Marcelo Migliaccio, sem querer desmerecer seu importante comentário, mas fazendo uma pequena observação histórica, relato que, os Aliados Ocidentais (Norte-Americanos, Britânicos e Franceses Livres) jamais combateram em Berlim.
      Quem tomou integralmente a capital alemã foram os soviéticos e isso culminou em 06 de maio de 1945, inclusive com o suicídio coletivo no bunker da Chancelaria de praticamente toda a cúpula do poder, inclusive do próprio Hitler, já que estavam na eminência de captura pelos soviéticos.
      Os soviéticos é que, após a tomada de Berlim, entre os dias 06 de maio e 08/09 de maio de 1945, data em que deu-se a rendição incondicional da Alemanha Nazista é que partilharam setores de Berlim com os então Aliados Ocidentais e que, posteriormente ao fim da guerra na Europa, se tornariam inimigos durante o período que sucedeu-se, o da Guerra Fria e que recusaram-se a sair de Berlim durante o agravamento das tensões nesse período pós-guerra, fazendo de Berlim um enclave da OTAN no Pacto de Varsóvia e transformando-a numa cidade partida e foco de tensões, tanto é que nem mais capital da Alemanha Ocidental ou da Alemanha Oriental ficou sendo, passando essas capitais para as respectivas cidades de Bonn e Leipzing.
      Felicidades e boas energias.

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