segunda-feira, 22 de julho de 2013

O melhor da viagem é não ter medo de ladrão

Como bem disse o Migliaccio, no comentário do post anterior, andar pelas ruas sem medo de ser assaltado é uma das maravilhas de estar em lugares como Londres, Paris ou Berlim. Ainda mais pra nós, brasileiros, acostumados ao medo de uma violência iminente. Vou mais adiante e digo que isso tem a ver com uma questão muito profunda da sociedade, que é a maneira como lidamos com o dinheiro. E se tem uma coisa que diz muito a respeito de alguém, é justamente o modo como se relaciona com o “vil metal”...

É como sempre digo: quer conhecer uma pessoa? Coloque dinheiro na parada... acho que o mesmo pode ser dito a respeito de um povo.
Mas o caso é que nós, brasileiros da Silva, estamos sempre nos espantando em viagens à Europa, e não só com a paisagem, a comida, os preços... mas principalmente com situações como a que passei no teatro, em Londres: na hora do intervalo, a moça sentada ao meu lado foi passear e deixou suas duas bolsas na poltrona. Primeiro levei um susto e não acreditei; depois fiquei tão incomodada que passei a tomar conta das duazinhas, temendo que algum larápio se aproveitasse e eu depois levasse a culpa. Mas o fato é que ninguém tentou mexer em nada. E eu achei incrível.

E a palhacinha, em Berlim, que nos abordou fazendo palhaçadas e depois nos contou que faz parte de uma Ong tipo “Doutores da Alegria”? Quisemos dar-lhe um dinheirinho e ela recusou prontamente: disse que seu trabalho não é pedir doações, e sim convencer as pessoas a fazer visitas em hospitais.

 
Numa outra vez, em Paris, diante de uma rua deserta e comprida, perguntamos, à única moça que passava, se não era perigoso andar por ali àquelas horas... e agora foi ela quem se assustou:

-- Perigoso por quê?!

-- Assalto, ladrão...

Ela se surpreendeu:

-- Aqui não temos disso não.

E nós justificamos:

-- É que somos do Rio de Janeiro...

 E no parque? O povo dorme profundamente sem precisar se agarrar ferrenhamente às bolsas ou fazê-las de travesseiro, como até os mendigos fazem aqui no Rio, pra se precaver. Chega a ser até bonito de olhar:

 
E namorar às margens do Sena, até de madrugada, no escurinho, num lugar onde, teoricamente, o casal está totalmente desprotegido e à mercê do meliante? Lá, todo mundo namora sem medo.

 Outra coisa interessante é que ninguém parte do princípio de que você é ladrão. Nas lojas, é comum que os vendedores fiquem sentados numa cadeirinha, na calçada, curtindo o sol, e quando os clientes entram, eles continuam lá. A gente entra, mexe em tudo, olha, fuxica... e eles não demonstram a menor preocupação com roubo. Parece que, simplesmente, não lhes passa pela cabeça que algum gatuno possa entrar em ação dentro da loja. Uma beleza. Mas que nós, brasileiros, estranhamos... ah, isso sim!
Por falar em loja, em Berlim estava eu comprando uma calça, quando o rapaz do caixa não entendeu os 60 euros que botei em cima do balcão. Disse alguma coisa em alemão e eu fui logo deduzindo que o preço na etiqueta estava errado,  e que a calça custava mais. Ele então me explicou, em inglês, que eu tinha desconto de 50%. A loja estava em liquidação. Cá entre nós: se ele não dissesse nada, eu jamais saberia, mas a filosofia do Gérson não é coisa de alemão.

 E o metrô de Berlim? Não tem catraca. Você compra o bilhete num caixa eletrônico e guarda no bolso. Vez por outra aparecem uns fiscais dentro do vagão e pedem pra ver o seu bilhete. Se viajar sem pagar, leva multa. Mas taí outra coisa que eu achei estranhíssima! E pensei logo que aqui no Brasil este sistema não ia dar certo.




Ah, tem também os famosos 10% nos restaurantes. Lá, eles não vêm incluídos na conta. Você dá a gorjeta que quiser, e se quiser, e o garçon não faz cobranças, como já me aconteceu em Buenos Aires... aí lembrei do Rio, onde muitos restaurantes já cobram até 14% e ainda têm a cara de pau de botar também R$1 de contribuição a Ongs, mas sem dizer nada ao cliente... isso tá certo?!


 

Por fim, há a moedinha de 1 centavo, que por lá não é raridade. Eles sempre dão o troco certinho, sem arredondar pra cima nem pra baixo. Numa confeitaria, a moça estava enrolada com o troco e sugeri que ela fizesse como no Brasil, e me desse o troco em balas. Ela primeiro não entendeu. E, quando expliquei... ela deu gargalhadas. Ai, ai...

6 comentários:

  1. Fernanda,

    Adorei seus comentarios e fotos ......
    Tudo que voce citou e muito simples, trata-se de: educacao. Ninguem precisa levar vantagem em nada e de ninguem ..... e mais uma vez prova de que honestidade da certo em qualquer parte do mundo .....

    Honestidade, delicadeza, tolerancia deveria estar no dia a dia de todos nos.

    Gostei muito da sua visao como reporter sobre a Berlin do Leste com a do Oeste e suas diferencas .... bacana.

    Felicidades,

    Gilda Bose

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  2. Fernanda,

    Mais um comentario .....quanto a moca do teatro, que saiu no intervalo deixando as duas bolsas ..... ingenua, hummm, nao sei nao .... Londres....como voce mesma citou .... voce encontra todas as nacionalidades, e muitos turistas tambem ..... paranoia minha ..... nao sei nao ....todo cuidado e pouco nos dias de hoje.

    Bjo

    Gilda Bose

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  3. Brasileiro não furta, só pega emprestado sem pedir...

    SERGIO NATUREZA - BA

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  4. Realmente . O que já é bom, fica melhor ainda sem a preocupação com os contratempos provocados pelos contraventores. Aí sim, pode-se pensar em relaxar e gozar as maravilhas dos passeios.
    Santé e axé!
    Marcos Lúcio

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  5. Entre outros, um dos motivos que me levou a terra do Marlboro foi a seguranca. Claro, crime existe mas a proporcao em que isso ocorre eh minima se comparado com o que ocorre na Terra Brasilis...

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